Bora abrir essa? Achados da Adega #4
Chegou a hora de mais um rótulo especial aqui na série Achados da Adega — a série onde compartilho vinhos que tenho a oportunidade de degustar e, sem dúvida, merecem destaque e minha indicação.
Clos de Vougeot Grand Cru 1989 – Armelle et Bernard Rion
Hoje o asunto é sério. Poucas regiões do mundo têm a importância histórica e relevância quando o assunto é vinho quanto a Côte de Nuits. E, dentro dela, o Clos de Vougeot é uma denominação muito representativa.
O Clos de Vougeot é um vinhedo murado de cerca de 50 hectares na Côte de Nuits, Borgonha, cultivado desde o século XII. Apesar de ser um único vinhedo e ter a classificação de Grand Cru, ele é dividido entre mais de 80 produtores — cada um com pequenas parcelas. A família Rion cultiva apenas 0,16 hectares, com vinhas de mais de 70 anos, o que torna sua produção extremamente limitada e especial, algo em torno de 600 garrafas/ano.
O trabalho da família Rion é rigorosamente focado no cultivo e cuidado artesanal para que o vinho represente a máxima expressão do terroir — esse Grand Cru de 1989 é um vinho que atravessou décadas e chegou à minha taça com extrema elegância. E sem sombra de dúvida está no meu top 3 de todos os tempos (até esta publicação).
Ficha técnica do vinho
Produtor: Domaine Armelle et Bernard Rion
Região: Clos de Vougeot Grand Cru AOC (Borgonha, França).
Uva: 100% Pinot Noir
Safra: 1989
Álcool: 13,5%
Vinificação: Colheita e desengaço manuais, seguido de fermentação com leveduras indígenas e estágio em barricas de carvalho francês de primeiro uso por 15 meses antes de engarrafar.
Minha Análise
Visual: granada pálida, já mostrando sua idade, mas ainda brilhante e vivo.
Nariz: Absurdamente complexo. Aromas terciários em evidência: frutas secas (porém não adocicadas) tais como cereja e ameixa, groselha negra, cogumelos, folhas secas (chá preto), couro, notas terrosas, trufas negras.
Paladar: Seco, acidez ainda presente e vibrante - eu ainda apontaria como média (+), taninos médios e muito redondos, corpo médio, álcool perfeitamente integrado. Em boca, os sabores acompanham o nariz, com camadas de especiarias. Final longo e elegante.
Conclusão: Minha nota: 98/100 - “outstanding”. Vinho com mais de 30 anos que entrega toda a complexidade esperada aliada a muita persistência e elegância difíceis de descrever. Um vinho em evolução, mas em pleno auge. Um verdadeiro privilégio, uma experiência inesquecível, pois a Domaine Rion não comercializa as safras antigas, elas estão disponíveis apena para degustações oficiais.
Você deve estar se perguntando: por que não 100/100?
Degustei, sem dúvida, uma obra-prima. Mas, na minha avaliação, aquela acidez M(+) — na minha modesta opinião — estava um meio tom acima. Cabe discussão? Sim. É uma leitura pessoal? Também. Mas isso não diminui em nada o vinho, que, repito, está no meu top 3. E sinceramente, nem sei dizer se é o 1º, 2º ou 3º… é aquele pódio empatado.
Indicação para harmonização
Essa garrafa de vinho merece respeito, portanto tenho até receio de indicar algo. O melhor é mesmo pegar uma ótima taça de cristal soprado, feita à mão e aproveitar cada gole em ótima companhia.
Você já provou um vinho Grand Cru, ou um vinho com mais de 30 anos? Tem curiosidade de explorar Borgonha? - Aqui está o link com mais detalhes do meu tour pela região.
Me conta nos comentários! E se curtiu esse achado, compartilha com quem você gostaria de compartilhar uma garrafa dessas.
Ahhhhh e compartilhem com os amigos para que possamos chegar rapidamente a 200 inscritos aqui no Blog, então teremos uma edição inédita e especial de comemoração!!
Um brinde e até o próximo Achados da Adega,
Rafael.