4 dicas práticas para escolher vinhos com bom custo-benefício.
A newsletter desta semana se dedica a sugerir 4 dicas práticas para facilitar suas escolhas em qualquer situação, seja no supermercado, no restaurante ou mesmo em compras online.
Quando o assunto é comprar um vinho a variedade de rótulos disponíveis fazem aumentar ainda mais as nossas dúvidas. Mas não se assuste, isso é normal. E hoje tentarei ajudar a tornar a escolha mais dinâmica, pois optar por um bom vinho não deve ser uma tarefa difícil e nem mesmo cara. Portanto, neste artigo, darei quatro dicas essenciais para encontrar vinhos de excelente custo-benefício, bem como mostrarei rapidamente como interpretar um rótulo.
O que define um vinho com bom custo-benefício?
O primeiro ponto é a definição do nosso parâmetro pessoal de compra, o "custo-benefício". Desta maneira não precisaremos gastar uma quantia importante para tomar um bom vinho, e segundo desmistificamos que vinho bom é vinho caro. Na Europa, em linhas gerais, um vinho de até 15€ é considerado um vinho do dia a dia, um vinho de entrada. E a ele podemos conceder “o benefício da dúvida”. Em outras palavras, ele tem a possibilidade de ser um vinho muito bom, ou ainda nos entregar algo abaixo das nossas expectativas. Acima deste valor, devemos esperar que um vinho já entregue equilíbrio entre os elementos (acidez, taninos e álcool), alguma complexidade aromática (aromas primários, secundários e quem sabe, alguns terciários) além de persistência, ou seja, deve ser um vinho de qualidade.
Portanto, um vinho com bom custo-benefício normalmente é aquele encontrado por até 15€ na Europa ou entre uma faixa de R$100,00 a R$150,00 no Brasil.
Como avaliar e escolher bons vinhos?
Fazer a opção por um bom vinho requer um olhar atento aos detalhes descritos nos rótulos. Eles são verdadeiras fontes de informação. Além dos rótulos as alternativas são consultar o Wine Specialist à disposição (no caso de uma compra física), ou ainda, caso você tenha tempo e paciência, entrar no site do produtor e olhar a ficha técnica do vinho – nela normalmente o produtor descreve as características gerais do vinho, bem como as técnicas de produção entre outras informações.
Por experiência prática eu não confio 100% nas fichas técnicas dos produtores, sobretudo nas descrições. O importante das fichas são realmente as informações sobre vinhedo, tipo de colheita e técnicas de vinificação utilizadas. Essas informações combinadas ao tipo de uva ou blend darão uma boa base do vinho que encontraremos.
Primeira dica:
Procurar por vinhos que indicam claramente a zona de cultivo (melhor ainda quando indicam o vinhedo) e que destacam a uva ou blend predominante. Em outras palavras tentar identificar a especificidade territorial.
Sendo assim, evite rótulos genéricos que não mencionam sequer a região de produção. Estes frequentemente representam produções em massa que sacrificam a qualidade pela quantidade. Neste caso, em geral, as uvas podem vir de qualquer parte do território. E, por consequência, uma série de fatores que implicam negativamente na qualidade deste vinho, tais como: a distância do vinhedo até a vinícola, variação dos vinhedos, ou a possibilidade de aquisição de uvas de outros produtores
Para saber mais sobre a importância da expressão da territorialidade no vinho recomendo a leitura do artigo Barolo, a Grande Estrela do Piemonte e Seus Personagens Históricos.
Abaixo ilustro a explicação com dois exemplos, a primeira imagem é um vinho tinto da uva Shiraz, da Austrália, mais precisamente da região de Barossa Valley, região esta reconhecida internacionalmente pela produção de excelentes vinhos desta variedade. Para saber um pouco mais sobre a Shiraz e Barossa Valley leia o artigo “Syrah: Regiões e Vinhos”.
O Segundo exemplo é de um Malbec Argentino de Mendoza, sub-região Valle de Uco e aqui acrescento a informação mais importante do rótulo “Single Vineyard” (vinhedo único). Isso significa que as uvas utilizadas para produção deste vinho vieram de uma parcela específica da propriedade. Ou seja, quando o viticultor divide a propriedade em diversos vinhedos de acordo a exposição solar, topografia, composição geológica, entre outros fatores. Isso serve para potencializar a expressão das uvas dentro de cada micro terroir e elevar a qualidade do vinho produzido.
Segunda dica:
Evite vinhos sem indicação de safra: A ausência desta informação pode ser um indicativo de que o vinho é feito a partir de misturas de várias colheitas, o que pode comprometer a expressão única de um ano específico, mas mais do que isso, no caso dos vinhos importados que chegam no Brasil isso nos deixa sem a referência do ano de produção e longevidade do vinho.
A imagem abaixo serve para ilustrar um rótulo de vinho sem a indicação da safra, que não consta nem mesmo no contra rótulo. Além disso ela serve como exemplo oposto a primeira dica, pois não menciona sequer a uva ou blend, e muito menos a região. O produtor indica apenas “Italian Wine”, ou seja, podemos assumir que este vinho pode ter sido feito com um blend de uvas plantadas em qualquer lugar do Itália.
O site do produtor informa o seguinte:
“Il Segno” é um vinho blend das 5 principais uvas do sul da Italia - Primitivo, Aglianico, Nerello Mascalese, Nero D’Avola e Sangiovese de vinhedos selecionados de leste a oeste.
Mas atenção para uma exceção importante, Champagne. Na AOC Champagne é permitida a mistura de vinhos de diferentes safras para a manutenção do padrão e estilo da vinícola.
Terceira Dica:
Aproveite produtores renomados, eles também produzem vinhos de entrada a preços acessíveis. Esses vinhos são geralmente uma aposta segura, porque transmitem consistência e qualidade apresentados nos principais rótulos da vinícola.
O Domäne Wachau é um dos principais produtores Austríacos (aliás para quem gosta de vinhos brancos de altissima acidez recomendo este fortemente). Este vinho é da uva Riesling, é a etiqueta de entrada da vinícola destinada aos restaurantes e supermercados, pois é de um vinhedo relativamente plano e distante do rio Danúbio que contorna a propriedade. Já o principal vinho Riesling da vinícola provêm de um vinhedo de exposição solar privilegiada, localizado em encostas as margens do rio conforme ilustra a foto abaixo. Fatores estes que proporcionam o cultivo de uvas de excelente qualidade nesta região.
Quarta Dica:
Aproveite promoções e ofertas especiais. Estar atento a promoções é uma maneira excelente de acessar vinhos qualidade por preços mais acessíveis. Confie nas promoções, pois principalmente as enotecas e lojas online precisam também fazer um giro de estoque para as vezes manter a exclusividade de um produtor ou região. Esses acordos comerciais por vezes podem beneficiar consumidores atentos a essas ofertas.
Como ler e identificar essas dicas em um rótulo de vinho:
Em geral os vinhos italianos são muito didáticos, pois eles quase sempre mencionam a uva e a região, e isso facilita o entendimento do consumidor.
1 - Cantina di Marzo - É o produtor;
2 - Greco di Tufo DOCG - Aqui temos o nome da Denominação de Origem Controlada e Garantida, mas também temos a uva e a região. Ou seja, a uva Greco da região Tufo (Tufo é um comune localizado na provincia de Avellino na Campagna, sul da Itália);
3 - Vigna Ortale - Especificação do vinhedo do produtor. Esta informação não é obrigatória, mas ela ajuda o consumidor e agrega valor ao vinho do produtor;
4 - Riserva - No caso dos vinhos italianos o termo Riserva significa que o vinho obrigatoriamente passou por um estágio de envelhecimento antes de ser comercializado. Em específico o riserva desta DOCG deve ser envelhecido por um período mínimo de 12 meses, sendo pelo menos 6 meses em garrafa. Esse envelhecimento adicional permite que o vinho desenvolva mais complexidade e profundidade de sabor. Mas cuidado com essa informação, pois vinhos chilenos, assim como os vinhos brasileiros o termo Reserva não quer dizer nada, é um termo utilizado para gerar apelo comercial.
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