Pinot Noir: regiões e vinhos
Na série "regiões e vinhos", hoje apresentamos a Pinot Noir uma das uvas tintas mais elegantes e desafiadoras da viticultura.
Regiões e vinhos é uma série de artigos bastante acessado do blog, e hoje apresento a Pinot Noir uma das uvas tintas mais elegantes e desafiadoras da viticultura.
Para quem ainda não leu os artigos anteriores, deixo aqui os respectivos links:
Características da Pinot Noir
A Pinot Noir, assim como a Chardonnay, é uma variedade autoctone da Borgonha sendo cultivada há mais de 2000 anos na região, que teve na Idade Média sua domesticação e aprimoramento das técnicas de cultivo através dos monges beneditinos. Como características, a Pinot é uma uva de casca fina, que tende a produzir vinhos de coloração mais clara e com menor intensidade de taninos quando comparada a outras variedades tintas como, por exemplo, a Cabernet Sauvignon. Deste modo, ela se adapta melhor a climas mais frios para que possa amadurecer lentamente e, aos poucos, aumentar a concentração de açúcares e aromas sem perder a acidez.
Aromas e Sabores
Seus aromas e sabores mais característicos são de frutas vermelhas, tais como morango e cereja, além de nuances florais e terrosas. Por ser uma uva sensível ao clima e ao solo, o terroir influencia profundamente no perfil dos vinhos, tornando-os únicos conforme a região produtora. Portanto, é um vinho que pode nos apresentar uma ótima estrutura e complexidade aromática, o que faz deste vinho também uma ótima opção para harmonizações – 5 dicas fáceis de harmonizações.
Para entender e identificar os descritores aromáticos de um vinho sugiro a leitura do artigo publicado aqui no blog - Como se tornar um expert na degustação de vinhos.
Regiões Produtoras
Borgonha, França
A Borgonha é, sem dúvida, o território mais renomado para a produção de Pinot Noir. É lá que essa uva atinge seu ápice em complexidade e elegância, especialmente em áreas como Côte d'Or e Beaune, onde pequenas parcelas de vinhedos produzem vinhos icônicos que alcançam cifras inimagináveis.
A Romanée-Conti, um dos vinhos mais prestigiados do mundo, vem da renomada região de Côte de Nuits, na Borgonha, e deve grande parte de sua fama à combinação de terroir excepcional, produção extremamente limitada e uma história rica e exclusiva. Com uma área de apenas 1,8 hectares, o vinhedo da Romanée-Conti produz pouquíssimas garrafas por safra, o que aumenta significativamente sua raridade e valor.
Ao longo dos anos, a obsessão por Romanée-Conti cresceu a ponto de o vinho ser visto como um símbolo de status, sinônimo de luxo e hostentação, atraindo milionários colecionadores dispostos a pagar fortunas por uma garrafa. Como consequência, o rótulo também se tornou alvo frequente de falsificadores, que exploram a escassez e a alta demanda para tentar enganar colecionadores e apreciadores, criando réplicas falsas deste ícone da viticultura mundial
Fechado o parênteses Romanee-Conti, os vinhos da Borgonha são conhecidos por sua delicadeza e complexidade, muitas vezes mostrando notas terrosas e de cogumelos à medida que envelhecem. Uma boa sugestão de harmonização para um Pinot Noir desta região seria um prato clássico como boeuf bourguignon, onde a acidez e as frutas vermelhas do vinho complementam perfeitamente o sabor da carne marinada com vegetais em vinho tinto da Borgonha.
Infelizmente os vinhos das parcelas mais famosas da Borgonha inflacionaram significativamente o mercado, elevando os preços de maneira generalizada. Isso criou uma situação em que, embora algumas parcelas produzam vinhos excepcionais, reconhecidos mundialmente, existem também vinhos de qualidade inferior sendo vendidos a preços elevados simplesmente pelo prestígio da região por estamparem o nome Borgonha ao rótulo. Assim, escolher um vinho da Borgonha pode ser uma verdadeira “caixinha de surpresas”, onde o valor pago por vezes pode não corresponde à expectativa esperada pelo consumidor. Portanto, é preciso atenção ao escolher um rótulo para garantir uma boa relação custo-benefício.
Vale de Leyda, Chile
O Chile vem se destacando com a produção de ótimos Pinot Noirs, especialmente no Vale de Leyda, onde a influência direta do Oceano Pacífico favorece a maturação lenta da uva, preservando sua acidez e frescor. Os vinhos desta região tendem a apresentar notas mais vibrantes de frutas vermelhas e um toque herbáceo, sendo uma excelente opção para quem busca vinhos mais jovens e fáceis de beber.
Dica: O Chile é um país que em ascensão na viticultura e mercado do vinho, é um destino que recomendo, pois apresenta uma diversidade de produtos e serviços de turismo e enogastronomia que se encaixam aos diferentes estilos de viajem – Para conhecer um pouco mais sobre os vinhos chilenos – clique aqui.
Também indico o site: Enoturismochile.cl
Oregon, EUA
O estado do Oregon, nos Estados Unidos, também é uma região notável pela produção de Pinot Noir de alta qualidade, especialmente no Vale de Willamette. O clima temperado com dias quentes e noites frescas favorece a produção de vinhos com equilíbrio e complexidade. O solo vulcânico da região também contribui para a estrutura e frescor dos vinhos, que frequentemente apresentam notas de frutas vermelhas frescas, especiarias e nuances terrosas.
O estado americano do Oregon é menos famoso que a Califórnia no mundo dos vinhos, mas de uma maneira geral, assim como os vizinhos californianos eles dominan a “arte do enoturismo”, e claro, fazem produzem também ótimos vinhos. Para se ter uma ideia do tamanho do mercado, anualmente, segundo a Wines of Oregon e Wines of California, a região recebe aproximadamente 4 milhões de turistas que viajam entre belissimas paisagens em busca de experiências enogastronomicas.
Dica de harmonização regional: Uma harmonização clássica da região do Oregon com Pinot Noir é um frango assado com uma redução de molho madeira com cogumelos. Neste prato, a acidez do vinho complementa perfeitamente a carne e o molho - Receita completa.
Em resumo, a Pinot Noir é uma uva muito sensível ao terroir de onde é cultivada, portanto podem proporcionar experiências variadas que vão desde vinhos leves e frutados até rótulos de grande complexidade. Para os entusiastas, é um ótimo vinho para fazer uma degustação com rótulos de diferentes origens para entender essa diversidade de estilos, a final de contas, o importante é manter a curiosidade ativa e estar sempre disposto a explorar novos rótulos e regiões.
Até a próxima!!
Gostei demais da honestidade ao cutucar o oportunismo dos produtores que elevam o preço de seus vinhos só por terem "vizinhos famosos"! Excelente dica!!!