Vinhos jovens ou vinhos de guarda: Qual é o seu preferido?
Você sabe qual é a diferença e em qual momento optar por um ou outro? Entenda como identificar vinhos jovens e vinhos de guarda com exemplos práticos para cada estilo
Cada estilo de vinho um oferece uma experiência, e entender as diferenças entre eles é essencial. A newsletter desta semana é uma explicação prática para não errarmos a ocasião perfeita para cada escolha. Vamos identificar e diferenciá-los com alguns exemplos de vinhos tintos e brancos de cada tipo.
O Que São Vinhos Jovens?
Os vinhos jovens são produzidos para serem consumidos logo após o processo de vinificação, o ideal é degustá-lo em seu ápice aromático, ou seja no próprio ano da safra. Porém, como as vezes, por questões logísticas e comerciais isso acaba sendo difícil, diria que é importante degustá-lo em no máximo três anos da safra indicada no rótulo.
Via de regra esses vinhos são sempre frescos, frutados e vibrantes, ideais para quem prefere uma bebida alcoólica “mais fácil”, leve, descomplicada e saborosa.
Como Identificar um Vinho Jovem:
Cor e Transparência: Nos tintos, um vinho jovem apresenta cores vivas, como rubi ou púrpura. Nos brancos, a cor é geralmente mais clara, com tons de esverdeados ou amarelo-palha.
Aromas: A predominância é sempre dos aromas primários, ou seja, aromas de frutas frescas, tais como cereja, framboesa e morango nos tintos, e maçã verde, pera e notas cítricas nos brancos.
Paladar: No paladar, são vinhos mais leves, com taninos de intensidade baixa a moderada e uma acidez proporcional. Eles trazem frescor e são ideais para situações descontraídas, um aperitivo, um vinho leve para ser apreciado durante a semana.
Sugestões de Vinhos Jovens:
Tinto Jovem: Valpolicella Classico
Produzido na região de Vêneto, na Itália, mais precisamente Verona, o Valpolicella Classico é um tinto jovem elaborado a partir das uvas Corvina, Rondinella e Molinara. Este vinho, de acordo com as regras da Denominação de Origem Controlada e Garantida - DOCG não tem a obrigação de fazer passagem em madeira ou permanecer por um período em cantina. Isso significa que ele é vinificado em tanques de aço inox, em seguida engarrafado e comercializado, portanto, é um tipo de vinho leve e refrescante, com acidez vibrante e notas de frutas vermelhas frescas, como cereja e morango. É perfeito para acompanhar massas leves, carnes leves - talvez um rosbife, até mesmo um “steak tartare”.
Branco Jovem: Vinho Verde (Portugal)
O Vinho Verde é um branco jovem, produzido na região do Minho, em Portugal. Conhecido por seu frescor, ele traz aromas de frutas cítricas e maçã verde, com um toque floral. É ideal para dias quentes e combina bem com frutos do mar, saladas e pratos leves.
O Que São Vinhos de Guarda?
Os vinhos de guarda são produzidos para evoluir e ganhar complexidade aromática com o tempo, dependendo do vinho pode durar décadas. Quando mantido em boas condições de guarda – saiba como armazenar seus vinhos em casa - durante o período, graças ao processo de micro oxigenação através da rolha, os vinhos passam por transformações que o permitem ganhar complexidade aromática e a profundidade de sabores. Porém para suportar a ação do tempo esses vinhos são mais estruturados, com taninos e acidez mais elevados. .
Como Identificar um Vinho de Guarda:
Cor e Transparência: Nos tintos, os vinhos de guarda desenvolvem uma coloração mais “atijolada” com o tempo. Nos brancos, a cor evolui para um dourado, às vezes com toques âmbar. Uma curiosidade, a tendência de coloração em vinhos antigos, sejam eles tintos ou brancos, é terem cores muito similares.
Aromas: Com o envelhecimento, os aromas de frutas frescas se transformam em notas mais complexas, como frutas secas, mel, especiarias, amêndoas, couro, notas terrosas e até nuances de cogumelos e trufas.
Paladar: O paladar é profundo e encorpado, com taninos bem integrados e uma acidez que pode sustentar o vinho por anos. Quando degustamos esse tipo de vinho ainda jovem percebemos que ele tem a capacidade de nos fazer salivar bastante e ao mesmo tempo a boca permanece seca - É uma explicação estranha e contraditória, mas enquanto a acidez nos faz salivar os taninos enxugam a boca. Já nos vinhos mais evoluídos, cada gole revela camadas de aromas e sabores bastante complexos que abrange os aromas primários, secundários e terciários.
Exemplos de Vinhos de Guarda
Tinto de Guarda: Barolo (Itália)
O Barolo é produzido na região do Piemonte, na Itália, a partir da uva Nebbiolo. Com potencial para envelhecer por por muitas décadas, o Barolo desenvolve aromas complexos, terrosos e aromas de cogumelos.
Ao contrário do Valpolicella Clássico, a legislação DOCG que regula o Barolo permite que o vinho seja vendido no mínimo 38 meses após a colheita das uvas, sendo que durante este tempo ele deve envelhecer no mínimo 18 meses em barris de carvalho. Já o Barolo Riserva DOCG só pode ser comercializado 5 anos após a colheita das uvas com mínimo de 18 meses de passagem em madeira.
É justamente a combinação entre a variedade da uva e as técnicas de vinificações empregadas que garantem complexidade e capacidade de evolução a este tipo de vinho. Um vinho desta complexidade é indicado para harmonizar com pratos intensos, por exemplo, um risoto de cogumelos ou pratos trufados.
Branco de Guarda: Riesling (Alemanha)
O Riesling alemão, especialmente da região do Mosel, é um branco de guarda que pode envelhecer por décadas. Com altíssima acidez e equilíbrio entre “doçura” e frescor, ele se transforma ao longo dos anos, revelando notas de mel, frutas secas e minerais. É ideal para acompanhar pratos como carnes brancas e queijos maturados.
Para ilustrar um vinho branco envelhecido utilizei a foto de um vinho italiano umbro de Spoleto, 100% Trebbiano safra 2018. Este vinho foi aberto em novembro de 2023 e estava bem pesado, com notas frutas secas e amêndoas. Apesar da alta acidez não é um vinho com a capacidade de guarda de um Riesling que pode evoluir por décadas.
Dica de como treinar seu paladar para identificar os aromas nos vinhos: A roda dos Aromas.
Como Escolher o Tipo Certo para Cada Ocasião?
Escolher entre vinhos jovens e vinhos de guarda pode depender do momento e da harmonização desejada. Se você procura um vinho leve e fácil de beber, ideal para ocasiões casuais e pratos mais simples, os vinhos jovens são a melhor escolha. Já os vinhos de guarda são perfeitos para acompanhar cardápios ou pratos mais complexos.
Dicas fáceis de Harmonização:
Vinhos Jovens: Combinam bem com aperitivos com queijos frescos, saladas, massas leves, carnes magras grelhadas, sem molho e peixes assados.
A ideia é justamente casar o frescor das frutas, baixo/médio taninos (vinhos tintos), ótima acidez dos vinhos brancos com o frescor e simplicidade dos ingredientes e cardápios.
Vinhos de Guarda: São ideais para harmonizar com carnes vermelhas mais pesadas, com mais gordura, acompanhadas de molhos, pratos intensos ou complexos em sabores e queijos maturados.
Já aqui a complexidade dos pratos exige mais intensidade e persistência das camadas aromáticas e estrutura do vinho - tanino/álcool/acidez - para que se tenha uma boa harmonização.
Para aprender algumas técnicas práticas sobre harmonizações com vinhos, deixo aqui 5 dicas fáceis.
Qual é o Seu Estilo de Vinho?
Explorar as diferenças entre vinhos jovens e vinhos de guarda é uma ótima maneira de descobrir o seu estilo. Para iniciantes, os vinhos jovens são acessíveis e convidativos. Já os vinhos de guarda, como em geral são vinhos mais pesados e intensos, são recomendados para quem possui o paladar já acostumado com vinhos. Mas, obviamente, como sempre destaco e indico, seja qual for sua preferência, aconselho sempre a experimentar e tentar sempre harmonizar e casar com suas ocasiões, pois paladar nada mais é do que treino.
Então, da próxima vez que escolher um vinho, pergunte-se: Algo fresco e descomplicado ou um vinho mais estruturado e complexo?
Aproveite, deixe seus comentários e compartilhe essas dicas!
Obrigado e até a próxima edição.